Palestra e mesa redonda sobre a importância da prática do teatro de grupo para a produção e consolidação do teatro de pesquisa. Contará com a presença de acadêmicos, gestores culturais e grupos teatrais. O Encontro será realizado no auditório do Dragão do Mar, dia 04/08, a partir das 18h na oportunidade será entregue a Comenda Carri Costa para os cursos de Licenciatura em Teatro do IFCE e UFC.
ATA DO II ENCONTRO DE GRUPOS
O Perfil dos Grupos de Teatro no Século XXI
O Encontro foi aberto por Renata Leite, que anunciou a apresentação da Esquete Gran’ Pavilhão da Magnólia. Em seguida compôs a Mesa: João Andrade Joca, Nelson Albuquerque, Rogério Mesquita, Juliana Veras, Almeida Júnior, Mário Jorge Maninho e Lana Gurgel (para confecção desta Ata). Joca Andrade com a palavra, deu boas vindas a todos, disse se sentir lisonjeado em ter no troféu do FECTA o seu nome, uma homenagem ainda em vida, o que o faria ainda mais empenhado em seu esforço de ser artista, educador e cidadão. Ressaltou que o que fortalecia uma luta diante das dificuldades em geral, era a companhia do outro, harmonia, exercício da convivência em grupo. Destacou o teatro como seio acolhedor de todas as pessoas, com seus defeitos e qualidades, máscaras e sentimentos em busca de uma transformação social. Falou de sua trajetória artística, do teatro como o seu significado de viver, o acolhimento que sempre havia buscado e fez agradecimentos a vários ícones do teatro cearense. Rogério Mesquita, relatou a experiência do Grupo Bagaceira de Teatro, que completava 11 anos, destacando a figura de seu diretor Yuri Iamamoto e a determinação de atuação com textos de autoria de própria, destacando Rafael Martins. Disse que mantinham ma sede desde 2007, citou a estrutura e os diversos editais com os quais o grupo foi contemplado e falou na busca de parcerias com outros grupos de teatro do Estado do Ceará, também através do Movimento Todo Teatro é Político. Juliana Veras, participante do Grupo Expressões Humanas, justificou a ausência da Diretora Herê Aquino, que estava em viagem pelo Projeto Palco Giratório, disse que o grupo nasceu em 1990 e hoje tinha seis componentes, na busca de uma identidade de uma arte que aproximasse ator e expectador. Rogério Mesquita pediu ainda a palavra para falar das dificuldades de manter e administrar o espaço e o grupo. Almeida Júnior foi o próximo a falar sobre a criação do CITA e da Companhia Teatral Acontece em 2002, e desde aquele ano, já havia formado 18 turmas. Falou ainda sobre a trajetória do FECTA e a pesquisa pelo ideal de sustentação da Companhia Teatral Acontece como grupo de teatro e para isso foi buscada uma referência de grupos do Estado do Ceará. Mário Jorge Maninho falou em seguida, a respeito do Grupo Garajal, que surgiu em Maracanaú, pela vontade de fazer cultura naquele município, vez que havia problemas com o Poder Público local. Falou da definição de atuar na linha palhaço pela coragem de ousar e o medo de errar. Destacou a importância das parcerias firmadas com grupos de Fortaleza em arte circense, cultura popular, etc.. Nelson Albuquerque manifestou-se pelo grupo Pavilhão da Magnólia, disse que o grupo foi pensado a partir de um esquete para o Festfort, a Revolta das Coisas, estreando em 2005. Contou a importância da experiência com um grupo de teatro de Curitiba, Espaço da Criança, citou os espetáculos já montados e em cartaz atualmente e relatou a forma de organização, divisão de trabalho e responsabilidades dentro do grupo, num trabalho de base. Ressaltou a determinação do grupo de não depender de ganho de edital para fazer acontecer e a facilitação de diálogo no sentido da minimização de custos, fazendo compras em coletivo de grupos, além da atuação política no Estado do Ceará e destacou uma palavra-chave: planejamento. Joca Andrade levantou um momento de utopia: uma maneira ideal de sobreviver de teatro, como seria o mercado de trabalho, para trazer e compartilhar o sonho juntos. Aberto ao público, Daniel disse que era do Estado de SP e o teatro de grupo naquele município era muito parecido com o do Estado do Ceará. Destacou que em SP s grupos se uniam pela estética e pela ética, que acabavam se confundindo e se transformava a relação do grupo quando se conseguia uma sede, pensando na trajetória do grupo e não mais como artista isolado e que a investigação e a dramaturgia própria eram dois itens de destaque. Citou exemplo de um grupo em SP, que ocupou um espaço abandonado para apresentação de seus espetáculos, o que acabou envolvendo toda a comunidade. Aquela ação recebeu o reconhecimento do Poder Público, que presenteou o grupo com aquele espaço. Colocou em destaque a união dos grupos se consolidou na Cooperativa Paulista de Teatro. Diego, concludente do CITA, falou sobre a importância do público e a dificuldade de encontrar informações sobre espetáculos, cursos, etc., quando não estava inserido em algum grupo. Perguntou como seria a captação do público, lembrando que o teatro não poderia ser feito apenas para o público que faz teatro. Rogério Mesquita concordou que o público era uma questão importante, refletindo sobre a linguagem utilizada com fim de atingir o que se queria. Citou exemplo de divulgação em universidades quando estava no grupo Lua, e disse que o Bagaceira já tinha um público fiel. Acesso do público à informação era realmente a grande questão, porque existia falsa ideia de democracia e os grupos não conseguiam ter acesso a uma divulgação maciça. Almeida Júnior citou um marketing de guerrilha que estava agitando seu grupo, para descobrir uma maneira diferenciada e chegar ao público, citou exemplo da esquete O Vizinho do 203, que sempre teve público garantido por conta das estratégicas criadas. Nelson Albuquerque complementou que existia uma visão televisiva forte e disse da criação do site palco vivo, coma finalidade de divulgar espetáculos de todos os grupos do Estado do Ceará. Citou algumas complicações que existiam como barreiras, citando a falta de possibilidade de comprar ingresso com cartão de crédito, estrutura de cantina, etc. Joca Andrade citou que fazia teatro desde início dos anos 80 e naquela época os recursos eram muito menores e a platéia era muito mais tímida, até por conta de ser recente o final da Ditadura. Elienai falou que para quem tinha pouco tempo de teatro, havia muita experimentação em relação às vertentes teatrais para tentar uma identificação. Até onde e quando o grupo se firmar numa linha de trabalho específica era saudável ou não para amadurecer enquanto grupo. Justificou a pergunta, vez que levara a idéia ao seu grupo. Juliana Veras respondeu que a identidade era muito importante para o amadurecimento do grupo. Joca Andrade acrescentou que a vertente era a paixão, motivo para a verdade cênica de cada um, investigação de cada um por si pelo seu ideal de vida. As urgências movem a descobrir o conceito de ética, estética e tipo de vertente, como um grito de transformação e mudança era outra vertente. Neto, diretor da Companhia Arte Teatral de Icaraí, que participou de três edições do FECTA, sendo selecionado também do Festival Bilu e Bila, ganhando um prêmio, tudo tornando uma melhor idealização de seus objetivos. Falou de sua decepção em não ter espetáculo selecionado para o FECTA 2011, questionou a atitude que o grupo deveria ter para sair dos altos e baixos. Mário Jorge Maninho respondeu que mesmo achando que poderia ter preconceito, começaram a melhorar o material enviado, analisar cada projeto e verificar as deficiências. Rogério Mesquita foi no sentido da paixão citada por Joca Andrade, que não fosse determinante de fechar os olhos para avaliar todo o trabalho em muitas horas de dedicação, pois não existia projeto gráfico bem feito que sustentasse um espetáculo mal feito. Joca Andrade disse que a mostra paralela não era construída com rebaixamento, era a possibilidade de um grupo encontrar uma janela aberta para aproximação e interação. Destacou: necessário paixão, disciplina perseverança e respeito. Wesley refletiu se faltaria um pouco de rebeldia pelos artistas, citando a Parada Gay como exemplo. Joca Andrade ressaltou que aquele encontro era uma forma de grito e cada um faria o seu discurso de transformação. Disse que a proposta era boa e que formatasse o projeto para um movimento de revolta. Almeida Júnior convidou para o Movimento Todo Teatro é Político. Nelson Albuquerque compreendeu a proposta e disse que na hora de ir para a rua em manifestação teria que conhecer a realidade e ter pensamento coletivo, com a presença de todos. Rogério Mesquita concordou que era muito cansativo reverberar a discussão do sistema municipal para a cultura de Fortaleza e não ver engajamento massivo, porque afetaria o fazer artístico de todo o Estado do Ceará. Conclamou todos os grupos e entidades a se fazerem presentes. Vládia comentou que era fantástico e sentia-se orgulhosa e com novo ar para continuar a criação da Companhia Verdade Cênica, diante das palavras dos representantes dos grupos de referência do Estado. Em seguida, foi feita a entrega da Comenda Carri Costa ao Curso de Licenciatura em Teatro do IFCE, por Tatiana Amorim a Fernando Lira, que agradeceu a Comenda em nome da coordenadora do curso e do Reitor, cuja presença seria muito importante naquele momento. Parabenizou a todos pela iniciativa. A entrega da Comenda foi feita em seguida à UFC, representada por André Magela, por Nelson Albuquerque, que deu as boas vindas ao curso e à coordenação. André Magela destacou palavra-chave: cidade. Que era pensar o teatro para além do espetáculo, nas estruturas sociais. Agradeceu a comenda e parabenizou pela realização do evento. Os componentes da Mesa despediram-se e logo após, desejando boa noite a todos e boa consecução dos objetivos do FECTA, Almeida Júnior encerrou o II Encontro de Grupos.
Fortaleza, 4 de agosto de 2011
Lana Gurgel
Atriz
Grupo Imagens de Teatro